sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

RUBEM BRAGA - AS BOAS COISAS DA VIDA


Uma revista mais ou menos frívola pediu a várias pessoas para dizer "dez coisas que fazem a vida valer a pena". Sem pensar demasiado, fiz esta pequena lista:

- Esbarrar às vezes com certas comidas da infância, por exemplo: aipim cozido, ainda quente, com melado de cana que vem numa garrafa cuja a rolha é um sabugo de milho. O sabugo dará um certo gosto ao melado? Dá: gosto de infância, de tarde na fazenda.

- Tomar um banho excelente num bom hotel, vestir uma roupa confortável e sair pela primeira vez pelas ruas de uma cidade estranha, achando que ali vão acontecer coisas surpreendentes e lindas. E acontecerem.

- Quando você vai andando por um lugar e há um bate-bola, sentir que a bola vem para seu lado e, de repente, dar um chute perfeito - e ser aplaudido pelos serventes de pedreiro.

- Ler pela primeira vez um poema realmente bom. Ou um pedaço de prosa, daqueles que dão inveja na gente e vontade de reler.

- Aquele momento que você sente que de um velho amor ficou uma grande amizade - ou que uma grande amizade está virando, de repente, amor.

- Sentir que você deixou de gostar de uma mulher que, afinal, para você, era apenas aflição de espírito e frustração da carne - a mulher não te deu e não te dá, essa amaldiçoada.

- Viajar, partir….

- Voltar.

- Quando se vive na Europa, voltar para Paris;
quando se vive no Brasil, voltar para o Rio.

- Pensar que, por pior que estejam as coisas, há sempre uma solução, a morte - o assim chamado descando eterno.

domingo, 31 de outubro de 2010

Despedida - Rubem Braga

E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor pensar que a última vez que se encontraram se curtiram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.

poesia do dia

Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois

Mário Quintana

sábado, 9 de outubro de 2010

Frases que antecedem a morte

Existem algumas frases que sempre são faladas antes do momento fatídico. Conheça estas frases e fique atento:

- Essa dor no peito não é nada!
- Esse iogurte venceu só a dois dias, pode comer numa boa!
- Pula aí que eu te seguro!
- Pode deixar que eu dirijo bem melhor quando eu tô bêbado!
- Tu tem certeza que teu marido não vai chegar, né?
- Atira se for homem!
- Atravessa correndo que dá.
- Sabe qual a chance de isso acontecer? Uma em um milhão...
- Tem certeza que não tem perigo?
- Confie em mim.
- Capacete? Imagina, tá calor.
- Desce desse ônibus e me encara de frente, sua bicha!
- Você é grande mas não é dois! (clássica)
- Relaxa, minha mulher não tem a senha do meu MSN!
- Pode passar a mão, é pitt bull mas é mansinho...
- Pode ligar, a voltagem tá certa!
- Qualquer idiota sabe mexer com eletricidade!
- Vocês duvidam? Duvidam que eu pego essa aranha na mão?
- Fica tranquilo... tá comigo tá com Deus! (Literalmente)

ESTAS SEMPRE SÃO SEGUIDAS DE UM FIM TRÁGICO!
- Querido, deixa eu dirigir desta vez?
- Você engordou né, querida?
- Querido, mamãe vem morar conosco! (esta acaba em suicídio rsrs)

áries (by Sarah)

domingo, 28 de março de 2010

A IDADE DE SER FELIZ - Geraldo Eustáquio de Souza

Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa.